“A gente precisa falar. Se ninguém ouve, a gente se cala”
(Eliete Maria dos Santos Fernandes, moradora de Caraguatatuba e participante de oficinas de educomunicação do Instituto Supereco)
É dia de sol na Praia das Palmeiras, em Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo. Uma família movimenta-se na areia, enquanto a matriarca joga uma fralda suja no chão. A imagem é comum em nossas praias, mas nesse caso, não é real. Trata-se da uma cena de uma fotonovela, uma espécie de história em quadrinhos fotografada, cujo roteiro foi criado por um grupo de cidadãos preocupados com as questões socioambientais. Um grupo de participantes de oficinas de educomunicação, que está construindo blogs, programas de rádio e até mesmo essa divertida novela fotográfica.
A história de uma família que não se preocupa com o destino de seu lixo na praia é divertida, assim como foi o processo de fazê-la. O grupo pensou o roteiro coletivamente e improvisou cenários com criatividade no dia das fotos. Mas não foi apenas no processo de produção dessa mídia que a turma, com donas de casa e aposentados, se envolveu. Eles também ajudaram a construir uma ação pontual de educação ambiental, onde cópias da fotonovela devem ser distribuídas para turistas pelo mesmo grupo, junto com outros voluntários.
É uma ação pequena, com duração de apenas uma tarde. Mas planejar, criar, produzir e mobilizar em torno dessa fotonovela foi muito mais que dar voz a pessoas da comunidade, preocupadas com o destino do lixo em suas praias. A oportunidade do trabalho coletivo, da conexão entre cidadãos com interesses comuns, e do pensar sobre “o que fazer para melhorar o meu pedaço”, foi o que mais marcou esse processo.
Para que serve um jornal? Um programa de rádio, ou até mesmo uma novela?
A mídia tem lá os seus papéis de educar e mobilizar socialmente. Mas quando a comunidade se apropria dos meios de comunicação para ouvir e ser ouvida a sua maneira, o processo educativo ganha mais força e contribui ainda mais para que a comunidade se apodere das ferramentas para interferir no desenvolvimento local.
Educomunicação é produzir jornal, blog, abrir um novo universo de habilidades a pessoas que muitas vezes não tiveram ou não têm a oportunidade de se expôr em seu dia-a-dia. Mas é mais do que isso. É trazer à tona ou aumentar a capacidade das pessoas em interferir de forma positiva no cotidiano de suas cidades, ajudando-as a acreditar que é possível transformar para melhor o meio em que vivem, sim. Por meio das ferramentas disponíveis em um trabalho educomunicativo, que avançam da produção midiática para o desenvolvimento das habilidades de planejamento, de mobilização e formação de redes e – o melhor de tudo – de ação.
A interface entre educação e comunicação pode trazer uma visão positiva sobre o ensino-aprendizagem nas questões socioambientais, a fim de conseguir sensibilizar, conscientizar, mobilizar, enfim, envolver mais pessoas preocupadas com o meio ambiente, a qualidade de vida, o respeito às diferenças, a valorização da cultura. A comunicação deixa de ser aqui, uma via de mão única, um instrumento em poder de jornalistas e comunicadores; ganha outra dimensão e potencializa sua ação transformadora.
Quando os participantes de um processo de construção educomunicativa como a da fotonovela se engajam na produção, se expõem, ganham voz e aprendem de uma forma diferenciada sobre as questões, no caso socioambientais, pois estão no papel de buscar, entender e refletir sobre a informação, antes de transmiti-las ao público dentro das mídias que irão apresentar. E construindo conteúdos e mídias coletivamente, aprendem o diálogo, a troca de saberes e a força do trabalho coletivo.
Nesse processo, os educandos transformam-se, eles próprios, em educadores ambientais e atores sociais ativos dentro de seus espaços. E as palavras citadas no início desse texto resumem o porque da educomunicação contribuir tanto para o desenvolvimento comunitário: o quanto é importante que a comunidade não seja apenas receptora de mensagens sobre meio ambiente e sociedade, mas que se manifeste sobre o que acha, o que não entende sobre esses temas e o que deseja – e a partir daí, seja mais um elo participativo na busca pela melhor qualidade de vida.
(Eliete Maria dos Santos Fernandes, moradora de Caraguatatuba e participante de oficinas de educomunicação do Instituto Supereco)
É dia de sol na Praia das Palmeiras, em Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo. Uma família movimenta-se na areia, enquanto a matriarca joga uma fralda suja no chão. A imagem é comum em nossas praias, mas nesse caso, não é real. Trata-se da uma cena de uma fotonovela, uma espécie de história em quadrinhos fotografada, cujo roteiro foi criado por um grupo de cidadãos preocupados com as questões socioambientais. Um grupo de participantes de oficinas de educomunicação, que está construindo blogs, programas de rádio e até mesmo essa divertida novela fotográfica.
A história de uma família que não se preocupa com o destino de seu lixo na praia é divertida, assim como foi o processo de fazê-la. O grupo pensou o roteiro coletivamente e improvisou cenários com criatividade no dia das fotos. Mas não foi apenas no processo de produção dessa mídia que a turma, com donas de casa e aposentados, se envolveu. Eles também ajudaram a construir uma ação pontual de educação ambiental, onde cópias da fotonovela devem ser distribuídas para turistas pelo mesmo grupo, junto com outros voluntários.
É uma ação pequena, com duração de apenas uma tarde. Mas planejar, criar, produzir e mobilizar em torno dessa fotonovela foi muito mais que dar voz a pessoas da comunidade, preocupadas com o destino do lixo em suas praias. A oportunidade do trabalho coletivo, da conexão entre cidadãos com interesses comuns, e do pensar sobre “o que fazer para melhorar o meu pedaço”, foi o que mais marcou esse processo.
Para que serve um jornal? Um programa de rádio, ou até mesmo uma novela?
A mídia tem lá os seus papéis de educar e mobilizar socialmente. Mas quando a comunidade se apropria dos meios de comunicação para ouvir e ser ouvida a sua maneira, o processo educativo ganha mais força e contribui ainda mais para que a comunidade se apodere das ferramentas para interferir no desenvolvimento local.
Educomunicação é produzir jornal, blog, abrir um novo universo de habilidades a pessoas que muitas vezes não tiveram ou não têm a oportunidade de se expôr em seu dia-a-dia. Mas é mais do que isso. É trazer à tona ou aumentar a capacidade das pessoas em interferir de forma positiva no cotidiano de suas cidades, ajudando-as a acreditar que é possível transformar para melhor o meio em que vivem, sim. Por meio das ferramentas disponíveis em um trabalho educomunicativo, que avançam da produção midiática para o desenvolvimento das habilidades de planejamento, de mobilização e formação de redes e – o melhor de tudo – de ação.
A interface entre educação e comunicação pode trazer uma visão positiva sobre o ensino-aprendizagem nas questões socioambientais, a fim de conseguir sensibilizar, conscientizar, mobilizar, enfim, envolver mais pessoas preocupadas com o meio ambiente, a qualidade de vida, o respeito às diferenças, a valorização da cultura. A comunicação deixa de ser aqui, uma via de mão única, um instrumento em poder de jornalistas e comunicadores; ganha outra dimensão e potencializa sua ação transformadora.
Quando os participantes de um processo de construção educomunicativa como a da fotonovela se engajam na produção, se expõem, ganham voz e aprendem de uma forma diferenciada sobre as questões, no caso socioambientais, pois estão no papel de buscar, entender e refletir sobre a informação, antes de transmiti-las ao público dentro das mídias que irão apresentar. E construindo conteúdos e mídias coletivamente, aprendem o diálogo, a troca de saberes e a força do trabalho coletivo.
Nesse processo, os educandos transformam-se, eles próprios, em educadores ambientais e atores sociais ativos dentro de seus espaços. E as palavras citadas no início desse texto resumem o porque da educomunicação contribuir tanto para o desenvolvimento comunitário: o quanto é importante que a comunidade não seja apenas receptora de mensagens sobre meio ambiente e sociedade, mas que se manifeste sobre o que acha, o que não entende sobre esses temas e o que deseja – e a partir daí, seja mais um elo participativo na busca pela melhor qualidade de vida.
Comentários
Adorei o post! Você viu? Há mais gente abraçando a idéia, que maravilha! Bjs,
Jô