Pular para o conteúdo principal

Tem gente mudando o mundo com a ajuda da internet

Dá para mudar o mundo com a ajuda da internet? Se depender da professora Josete Zimmer, dá sim. O uso da tecnologia na sala de aula não só ajudou os alunos a dominarem a leitura e a escrita, como está contribuindo para divulgar um projeto ecológico que deu certo.

Junto a outros professores de uma escola estadual na zona Oeste de
ão Paulo, ela está conseguindo - com o auxílio da rede mundial de computadores - multiplicar uma experiência de mobilização para proteger uma grande área verde que viria abaixo.

Josete é professora de educação física e passa pelos Campus Party (o grande evento de tecnologia que está acont
ecendo em São Paulo) para trocar idéias com colegas-educadores do mundo virtual. Sua vida profissional mudou depois que ela tomou contato com a internet. Tornou-se professora da sala de informática e passou a auxiliar a escola em um projeto chamado Teófilo na Mata - onde se reuniram a uma ong local para impedir que uma grande área de mata atlântica, vizinha ao colégio, fosse derrubada.

Fizeram trilhas para conhecer a mata, e depois atividades na sala de aula que incluíram o envio de cartas e e-mails cobrando das autoridades uma posição sobre a área verde. Resultado: a área foi tombada, e virou parque ecológico. Tudo foi registrado num blog, uma forma de documentar - e compartilhar - todo o processo que a escola passou durante esse período.

Isso faz cinco anos. Josete se aposentou. Mas continua atuando como voluntária no Teófilo Otoni. Um dos objetivos da escola, este ano, é preparar uma "exposição itinerante", para que outras instituições de ensino possam se inspirar e partir para projetos onde a mobilização dos alunos e da comunidade é uma das conseqüências principais. "Faz diferença ter um blog. É uma forte ferramenta de mobilização", lembra Josette.

Efeito viral

Quem teve a oportunidade de acompanhar a conferência do pensador em cuiltura digital Steve Johnson, ontem (quinta, 15) no Campus Party, enxergou: o
poder da comunicação via internet vai além, muito além do que a mídia convencional acaba publicando... e é um efeito viral, multiplicador.

E é nesse poder que reside a força motora para provocar mudanças de atitude! São três mil pessoas no Ibirapuera, em São Paulo, não só falando "assuntos de nerd tecnológico", como muita gente tem dito por aí. Aqui é a grande a efervescência de idéias, especialmente entre os "blogueiros verdes" - como o jornalista santista João Malavolta, do site Ecobservatório.

"O grande desafio do CP-Brasil 2008 é o de otimizar o uso de novas tecnologias para possibilitar o maior entretenimento possível dos participantes. No entanto essa foi uma oportunidade desperdiçada de enraizar a questão ambiental de fato junto aos internéticos campuseiros que estão totalmente atentos as inovações tecnológicas e olham timidamente para a o desafio da preservação ambiental", espinafra o rapaz.

Esse espaço para o meio ambiente pipocando em diversos blogs é que, aos poucos, alimenta o debate: "como é que se muda o mundo pela internet"? Desse jeito mesmo. Caótico e viral. Mas não é a tecnologia, na verdade, que vai melhorar o planeta... mas a forma como a professora Josete está fazendo uso dela.

Comentários

Anônimo disse…
See here.
Oi Débora!
Obrigada! O que você escreve motiva ainda mais a continuidade desse projeto! Embora as tecnologias da informação e comunicação na escola, tenham sido inicialmente para criar uma cultura de uso pelos alunos, professores e comunidade, nossa intenção foi de aproveitar essa cultura de forma mais abrangente, pois sabemos que o uso eficiente da internet, pode causar mudanças incríveis na escola e sociedade! É por isso que vamos continuar na luta!Parabéns pela matéria! Beijão,
Josete

Postagens mais visitadas deste blog

Experiência na escola: música para ensinar

Encontrei esta semana uma das formas verdadeiramente sutis e poéticas de ensinar conteúdos em sala de aula, associando o aprendizado de história à reflexão sobre o meio ambiente. Apaixonada por MPB, a professora Marli Oliveira de Carvalho utiliza músicas em suas aulas de histórias junto a alunos de quinta a oitava séries da Escola Municipal Tenente José Maria Pinto Duarte, na zona Oeste de São Paulo. Primeiro, a professora trabalha o conteúdo de cada ano junto dos livros. Depois é que entram as músicas, que ela seleciona de acordo com o tema que deseja chamar a atenção. Não há necessidade de ser extremamente objetivo; a idéia é que as crianças associem algo da música ao que aprenderam anteriormente nos livros. O importante é que a canção dê um significado extra ao aprendizado. E de quebra, as crianças ainda têm acesso a nossa riqueza cultural presente na MPB. Marli pensa muitos anos-luz a frente e não se contenta em apenas fazer associações entre o aprendizado básico de história. Quer ...

Será que o brasileiro não sabe onde fica o Brasil?

Saiu na revista Veja há duas semanas, mas só agora consegui digerir a reportagem E a Gente Ainda Goza dos Americanos – que não deixo link, porque a revista só abre o conteúdo para seus leitores. E não sei se fiquei mais indignada com as informações da matéria ou se com o repórter que a escreveu, pixando (mais uma vez) o esforço de educadores em melhorar o nível de conhecimento de nossos alunos. A matéria baseou-se em uma publicação da multinacional Ipsos , um dos tantos institutos especializados em pesquisas sobre os mais diversos temas. Mil pessoas foram abordadas em setenta municípios das nove regiões metropolitanas brasileiras, e a abordagem consistia em abrir um mapa-mundi na frente desses entrevistados com perguntas do tipo “você sabe onde fica o Brasil? A África? Os EUA?”. A conclusão da pesquisa (transcrita da matéria, desse jeito mesmo): “50% dos brasileiros não sabem localizar o país no mapa”. E entre tantas abobrinhas que os entrevistados apontaram, não sabem onde fica o no...

Educação ambiental em Nova Escola

Qual o papel da educação ambiental na educação formal? O que professores de escolas públicas estão fazendo para formar cidadãos conscientes, introduzir a metodologia do conhecimento científico e estimular tanto alunos, quanto educadores, para a reflexão e o respeito à humanidade e o planeta? Essas foram algumas das perguntas que propus para a produção da reportagem Em Defesa do Planeta , capa da revista Nova Escola de maio, que está disponível on line (clique no título desse post para ler). Não foi fácil. Primeiro, os especialistas entrevistados (e a literatura disponível) falaram muito nos erros que as escolas cometem. Falta conhecimento, transdisciplinaridade, projetos duráveis, envolvimento da comunidade... e aí, como fazer para superar esses problemas? A resposta não estava nos livros, mas em cinco experiências que encontrei pelo Brasil - São Paulo, Balneário Camboriú (SC), Benevides (PA), São Sebastião (SP) e Salvador (BA). Em comum, a garra de professores e diretores que buscar...