Acabo de ler um material fantásico do CEBDS - Centro Empresarial Brasileiro Para o Desenvolvimento Sustentável). E o que é melhor, de graça e acessível para download, como toda publicação que preza pela comunicação e educação (desculpem a rima) deveria ser.
Trata-se do Guia de Comunicação e Sustentabilidade editado pela instituição, que reúne empresas brasileiras preocupadas com a própria sustentabilidade (leia-se: coerência) do tema ambiental mais falado dos últimos tempos. E dá o recado logo no começo da publicação: "o comunicador tem que ser mais que um transmissor de informações".
Embora o discurso seja empresarial, vale a pena ler esse material que oferece uma reflexão pertinente aos dias atuais: o que é mesmo ser sustentável, dentro de uma empresa? Como é que se consegue harmonizar crescimento econômico, inclusão social e ainda diminuir os impactos negativos ao ambiente? Como deve ser comunicada a sustentabilidade na mídia e a outros públicos? Dá para usar vários trechos em sala de aula, para debater com os alunos sobre o tema.
Para quem trabalha na área de comunicação, ou ainda utiliza os serviços de um comunicador (como assessor de imprensa, comunicólogo, relações públicas ou qualquer outro rótulo), o guia traz recomendações importantes para o planejamento estratégico. Aborda um calo no sapato de algumas empresas que estão em fase de crescimento e de busca de identidade - a necessidade de todos os funcionários terem acesso a suas estratégias, missão e posicionamento em sustentabilidade, meio ambiente, desenvolvimento humano e papel social. E lembra também sobre os cuidados que devemos tomar com relação a pegada ambiental na produção das ferramentas que usamos.
É uma grande contradição que ainda temos, mesmo entre os educadores ambientais: você sabe o quanto as tintas usadas na impressão de um folder são tóxicas para o ambiente? Ou qual a necessidade real de se produzir tanto papel e se gastar tanta energia na realização de um evento? É bom prestar atenção na hora de planejar tudo isso, lembra a publicação.
A instituição promete uma segunda edição com contribuições dos próprios leitores. Aproveito para publicar aqui algumas delas:
1. Avançar no quesito fornecedores de serviços. O guia faz alertas, mas o CEBDS poderia investir em uma publicação específica sobre os serviços diversos (de gráfica a fornecedor de equipamentos de som) e nos orientando para as escolhas adequadas. Não basta comprar papel certificado pelo FSC. Mas avançar, como vamos conseguir sem entender como as coisas funcionam?
2. Avançar na mobilização pelas políticas públicas. Só orientar, por exemplo, a substituir o carro pela bicicleta como meio de transporte não basta; dependemos de programas de governo para avançar em determinados setores que têm a ver, diretamente, com sustentabilidade. Então uma orientação de como devemos nos mobilizar por essas causas pode ajudar as empresas, também, a engajarem seus funcionários (e ainda outros públicos, como as comunidades locais no entorno de um empreendimento em construção pela empresa, ou no entorno da própria empresa).
3. Avançar no quesito acesso a informação. Parece óbvio, mas não é. Transparência de informações significa, além de adequação de linguagem, garantir o acesso a estas informações pelos mais diversos tipos de públicos. Só no que se refere às questões socioambientais, vale a pena lembrar que há leis específicas (como a 10.650, que dispõe o acesso público a esse tipo de informação), e as empresas podem - e devem pensar estratégias para garantir a real difusão de informações que influenciam diferentes tipos de público. Inclusive aquele que não tem acesso a internet...
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