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Planejamento de comunicação no Parque Pau Brasil

Representação de corredor ecológico por participantes da oficina
Os conselheiros do Parque Nacional do Pau Brasil, situado no Extremo Sul da Bahia, pensaram estratégias de comunicação e organizaram um plano de ação que recomenda a produção de jornais, site e outras ferramentas para “difundir as informações do parque com mais clareza” e “contribuir para amenizar os conflitos existentes e que surgirem”, entre outros objetivos levantados coletivamente pelo grupo.

A atividade está dentro do projeto de Mobilização, Consolidação e Capacitação do Conselho Consultivo do Parque Nacional do Pau Brasil, onde uma consultoria foi contratada para a renovação, diagnóstico e capacitação junto ao conselho. Após oficinas envolvendo temas ligados às unidades de conservação – legislação ambiental e gestão participativa, entre outros – parte do conselho consultivo passou por uma oficina para elaborar estratégias coletivas de comunicação.

Para auxiliar o planejamento, os conselheiros tiveram acesso a atividades de conhecimento do universo da comunicação. Fizeram leitura crítica de jornais com temática socioambiental, assistiram ao vídeo Levante Sua Voz, que trata do direito à expressão e informação e o poder da mídia, e ainda fizeram um interessante exercício de re-leitura de textos com temáticas ambientais. Entre eles, “O Corredor Central da Mata Atlântica – Uma Nova Escola de Conservação da Biodiversidade”, publicação do Projeto Corredores Ecológicos, elaborada em 2006.

Nessa releitura, os participantes analisaram os textos, tentando avaliar para qual público foram escritos e com que finalidade. Muitos desses textos, segundo os próprios conselheiros, tem linguagem mais acessível para quem é técnico ou tem um bom nível de esclarecimento, mas não foram feitos para a comunidade em geral. Após essa análise, os grupos construídos na oficina tiveram o desafio de transformar os conteúdos lidos em mensagens para serem repassadas à população na forma de cordel, programa de rádio, poesia e até mesmo ilustrações.

Para definir o que é corredor ecológico, uma das equipes tentou reproduzir a conexão de duas áreas de mata preservada e de grande diversidade ambiental e cultural, que caracteriza o conceito para eles. Também fizeram um pequeno teatro, encenando o diálogo de pessoas da zona rural. Para o conselheiro Hudson Borges, a atividade foi positiva.  “Eu tinha uma visão do que seria um corredor, mas não entendia direito, mesmo escutando esse nome em reuniões”, lembra o morador da comunidade do Vale Verde, vizinha ao Parque. “Não adianta participar de um conselho se a gente não entende o que está sendo discutido. E isso dificulta passar isso para a comunidade”, completa.

Parte das atividades e ferramentas sugeridas no plano de comunicação serão implementadas na continuação da consultoria junto ao Parque. Haverá oficinas para a produção de mídias como jornais e um video, abertas a participação da comunidade, onde as pautas e reportagens serão elaboradas pelos próprios participantes. Um grupo de trabalho escolhido entre os conselheiros irá acompanhar e monitorar as atividades.

Por meio de técnicas de comunicação comunitária, é possível elaborar mídias colaborativas como jornais, vídeos, programas de rádio. Há experiências interessantes na construção dessas ferramentas junto a comunidades no entorno de unidades de conservação.

Pescadores e moradores que vivem próximo à Reserva Extrativista Marinha do Corumbau, entre Prado e Porto Seguro, estiveram presentes na oficina de planejamento de comunicação contando a trajetória do jornal comunitário TANARA, que surgiu a partir de oficinas de educomunicação oferecidas à comunidade pelo Instituto Chico Mendes da Biodiversidade. Eles também mantém um blog.

O Parque – Criado em 20 de abril de 1999, o Parque Nacional do Pau Brasil foi ampliado em 2010 e conta hoje com uma área de 18.934 hectares. Com vegetação característica de Mata Atlântica, fica no município de Porto Seguro, um dos destinos turísticos mais procurados do Estado da Bahia. Em seu entorno, há comunidades rurais, grandes e médios proprietários de terra e diversas RPPNs – Reservas Particulares do Patrimônio Natural. O Parque ainda não foi aberto à visitação. Informações pelo telefone 3288-1644.

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