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Porque me apaixonei pela causa ambiental 3

Luz Fernandez é jornalista e educadora ambiental em Santos (SP). Coordena o Núcleo de Jornalismo Ambiental de Santos e região. Também é blogueira: o seu blog é o Carbono Zero.

Participe! Envie a sua história pessoal, contando “como me envolvi de corpo, mente e alma pela causa socioambiental” para o e-mail educomverde@yahoo.com.br, com nome completo, mini-currículo, blogs e sites (se houverem), telefone e cidade. Se quiser, mande também uma foto sua, e idade. Publicarei todos que chegarem e, na Semana do Meio Ambiente, sortearei um kit de sacola de compras ecológica, de tecido, e sabonetes feitos de elementos vegetais.

Paixão desde sempre
Meu envolvimento com o pensamento ecológico vem de berço. Em casa, reutilizávamos de tudo, em uma época em que ninguém se preocupava com desperdício de recursos naturais. Minha mãe nos educava assim, sem bandeiras, na simplicidade e conhecimento empírico.

Aos 12 anos, já estava envolvida com o movimento para salvar as encostas da Serra do Mar. Realizamos um abraço simbólico, na praia, para mostrar nossa indignação à falta de políticas de contenção das encostas da Serra do Mar. Lembro até hoje dos panfletos: “Não deixe a Serra do Mar invadir sua sala de aula”. Aquilo pra mim, naquele momento, era o mais importante acontecimento do universo. De fato, era.

Naquele tempo, não nutria sonhos de me tornar jornalista, o que aconteceu meio como acidente de percurso. Apenas queria interferir na realidade, me sentir parte de uma transformação do mundo. Exercia meu direito de cidadã com muito gosto. Estudava em escola estadual, em Santos, sem recursos, mas com muitos sonhos e criatividade.

Cresci e o meio ambiente não me abandou. Na primeira faculdade, Letras, mantinha minha postura sustentável, reutilizando papel ao máximo, participando da coleta seletiva na cidade e incentivando todos a fazerem o mesmo. Levava para casa as embalagens que consumia na rua para destinar corretamente. Até hoje é assim.

Quando fui morar sozinha em São Paulo , em 1993, é que me dei conta do desperdício das sacolas de plástico. Fiquei pensando como me livrar daquele montão de sacolinhas. Daí resolvi radicalizar e levar minha sacola de feira para o supermercado. Imaginem a cara dos caixas, não entendendo nada. “Mas a sacola é de graça”, diziam. Eu me limitava a dizer que não precisava.

Uns anos depois de lecionar inglês sem parar, fui passar uma temporada nos Estados Unidos. Lá a reciclagem é bem mais completa. Lembro que tínhamos um latão separado para a folhagem das árvores, que ia para a compostagem da cidade. Por outro lado, percebia o excesso de embalagens e o consumo descontrolado, principalmente no período de mar de rosas do governo Clinton. Porém, não sabia fazer a conexão entre consumo e sustentabilidade.

Resolvi sair da posição de expectadora da crise climática após assistir ao filme Uma Verdade Inconveniente, do Al Gore. Senti o chamado à responsabilidade e resolvi lançar meu blog Carbono Zero, para levantar reflexões e mostrar algumas soluções locais que tinham impacto global. Comecei a colecionar amigos virtuais, pessoas engajadas como eu. E conheci a galera do Faça sua Parte, um blog coletivo e colaborativo. Juntei-me a eles e realizamos periodicamente blogagens coletivas, verdadeiras “revoluções verdes”.

Hoje, aos 38 anos, educadora e jornalista, participo ativamente para interferir no comportamento da sociedade, realizando palestras de educação ambiental e despertar para um outro modo de vida, mais sustentável. Além disso, minha mania esquisita de recusar as sacolas plásticas virou a empresa Carbono Zero Assessoria Ambiental e Comunicação, e confecciono sacolas retornáveis exclusivas.

Além disso, ajudei a fundar o Núcleo de Jornalismo Ambiental Santos e região, no qual sou coordenadora de formação profissional e cultura. Temos um grande trabalho pela frente, com a proposta de capacitar jornalistas na área ambiental, a partir de encontros com especialistas de diversos temas que englobam meio ambiente.

Acredito em um modelo de vida mais sustentável, mais justo e igualitário para todos. Da mesma forma, acredito que a evolução da humanidade passa pela consciência planetária, e abandonar o pensamento individualista e imediatista. Então, fica o convite: experimente uma vida sustentável.

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