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Mais um relato apaixonado sobre educação ambiental

Lá vai mais uma história inspiradora!

Eunice Venturi é jornalista e especialista em educação ambiental. Atuou na produção jornalística de programas de educação ambiental e em assessorias de comunicação. Atualmente, integra o Conselho Técnico e Deliberativo do Instituto Socioambiental Rio dos Peixes, em Joinville (SC), e é Coordenadora Executiva do
Centro Golfinho Rotador, em Fernando de Noronha (PE).

Antes de responder “Porque me apaixonei pela causa ambiental” pensei em “como me apaixonei pela causa ambiental”. Percorri um longo caminho, um tanto torto, é bem verdade, até "me apaixonar"... há pouco mais de nove anos, deixei de trabalhar em um setor de peças de caminhão. Após trocar o mundo masculino de uma oficina mecânica, fui cuidar das “entradas” e “saídas” financeiras em uma administradora de condomínios.

Nessa administradora, conheci uma sindica que tinha uma irmã jornalista, para quem mais tarde fiz alguns “freelas”. E desses “freelas” começou uma parceria que durou quatro anos. Foi tempo suficiente para conhecer Maria Amália Krause, vice-presidente do Centro Golfinho Rotador, onde trabalho hoje. Basicamente, o caminho foi esse: sai do setor de peças, fui para a administradora, conheci Maria Amália e descobri a causa ambiental.

O jornalismo já estava no sangue, mas só me encontrei com ele no ano de 2000, quando prestei vestibular. Às vezes gostamos ou fazemos certas coisas e não entendemos o motivo. Quando criança, gostava de escrever poesias. Meu pai trabalhava em um hospital e sua colega datilografava as poesias que eu escrevia. Mais tarde, ele conseguiu me presentear com uma máquina de escrever Olivetti.

Também sempre quis fotografar. Hoje sei que a combinação de poesia e fotografia me levou para o jornalismo. O encontro com o meio ambiente aconteceu quando Maria Amália me designou para fazer coberturas jornalísticas do Prêmio Embraco de Ecologia, um programa de educação ambiental para escolas públicas e privadas de Joinville (SC). Quando eu ia para a região oeste de Joinville, no bairro Vila Nova, onde passa o Rio Piraí, tinha vontade de ficar para sempre.

Em 2005, quando deixei de trabalhar com Maria Amália, tornei-me assessoria de imprensa do vereador joinvilense Jucélio Girardi, um grande e velho amigo. Naquele ano, Jucélio viabilizou uma verba no Governo do Estado de Santa Catarina para que fosse desenvolvido um programa de educação ambiental no bairro dele: o bairro Vila Nova, do rio Piraí. Nessa época eu estava concluindo minha especialização em educação ambiental. Ele me disponibilizou para gerenciar a verba e convidei uma bióloga para coordenar o programa comigo.

A partir desse instante, Gisele Rosa Abrahão saiu da condição de minha amiga, para tornar-se minha companheira na causa ambiental. Desenvolvemos o projeto “Diagnóstico Socioambiental Participativo do Bairro Vila Nova”. A última etapa foi a criação da OSCIP Instituto Socioambiental Rio dos Peixes presidido pela Gisele. Muitas vezes, eu e Gisele tivemos dúvidas se o que estávamos fazendo estava correto. Quando descobrimos a biografia do engenheiro Fábio Rosa nós começamos a entender algumas coisas, sobretudo porque o processo de criação do instituto foi muito burocrático.

Eis o que motiva Fábio: "estou tentando construir um pedacinho do mundo no qual gostaria de viver. Para mim, um projeto só faz sentido quando serve para tornar as pessoas mais felizes e quando constitui a esperança de um futuro melhor. Eis a alma dos meus projetos". Naquele momento, observamos que nosso projeto precisava fazer as pessoas felizes.

E já que o momento era de encontro com a felicidade, também a encontrei no meu retorno à política. Se nós somos responsáveis pela política que temos, certamente precisamos vivê-la diariamente para construir uma política melhor. E essa é minha avaliação do deputado federal Mauro Mariani e dos amigos que conheci nessa época. E foi dessa forma que descobri a causa ambiental e o desejo de contribuir com um mundo melhor e ambientalmente equilibrado.

Sobre porque me apaixonei pela causa: Porque foi necessário que todas essas pessoas cruzassem o meu caminho e me fizessem enxergar o meio ambiente, a política e o jornalismo de uma diferente e responsável. No mais, outras pessoas estão no meu caminho, especialmente toda a equipe do Projeto Golfinho Rotador.
Nesse momento, é com esse grupo, de mais de vintes pessoas, que vou crescendo, aprendendo a nadar, a mergulhar, a falar inglês, a conhecer o mundo dos golfinhos-rotadores e alcançar minha missão: construir um mundo melhor para todos nós!

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