O documentário de Liliana Sulzbach tem 26 minutos e traz depoimentos de crianças brasileiras em diferentes condições sociais. Meninas de São Paulo, economicamente mais "abonadas", meninos da Bahia, que trabalham desde antes dos 10 anos de idade, como o da foto ao lado - que trabalha na perigosa produção de sisal. Um deles se esforça para ler e escrever, para "sair daqui, pra outro lugar".
Mas o foco do filme não é denunciar o trabalho escravo. É arregalar os olhos para a reflexão sobre a infância, a fase especial que difere as crianças dos adultos. Pois as falas das crianças no documentário parecem de adultos.
Temos uma sociedade que está forçando a garotada a acreditar que ser adulto é melhor do que ser criança. E não é "culpa do frango", como dizíamos a respeito das carnes carregadas de hormônios, que podem influenciar o crescimento.
No filme, por exemplo, garotinhos e garotinhas de classes sociais diferentes têm o mesmo gosto: a novela das nove que, aliás, não é indicada para menores de 14 anos.
Não gosto do discurso simplista de se criticar a mídia como a vilã da história, mas é real que a televisão influencia meninos e meninas que assistem as barbaridades da telinha, seja as telenovelas onde as artistas da Globo já aparecem nuas (Cristiane Torloni apareceu dia desses, transando com José Mayer), seja nas cenas dos telejornais, que elevam a violência a nível pornográfico ao mostrar assaltantes atirando em suas vítimas, por exemplo. Mas gosto de lembrar que os adultos assistem a tudo isso sem o devido cuidado com suas crianças... e nem todos têm a preocupação de procurar o que há de melhor na TV, curtindo uma programação diferenciada com seus filhos.
"Agora eu tenho oito anos e sou mocinha", diz uma menina de São Paulo no video. Eu também dizia isso quando era criança; porém, passados 12 anos da produção do filme (que é de 2.000), infelizmente percebo que a conotação dessa fala está bem diferente. Parece que ser criança não tem graça nenhuma, especialmente se você for mulher. Bom é ser adulta, poder usar sutiã de bojo, falar como o Justin Bieber é gatinho e, aos 10 anos de idade, já se preocupar com o vestibular...
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