Mirellen, 11 anos: repórter-mirim na cobertura da Festa da Tainha (Caraguatatuba, litoral Norte de SP)

Entrevistando os organizadores e participantes do evento – de artesãos às cozinheiras das barracas especializadas no pescado – Mirellen descobriu, entre tantas outras coisas, que a festa surgiu na beira do rio Juqueriquerê para que os pescadores pudessem valorizar a tainha fazendo pratos como peixe assado, durante alguns dias de julho, época em que é pescada.
E descendo o rio de barco pela primeira vez, até o encontro do rio com o mar, Mirellen entendeu porque é preciso preservar o rio. Apesar de desmatado e poluído em diversos trechos, o Juqueriquerê tem grandes áreas de manguezais preservados. É onde peixes como a tainha encontram abrigo para desovar e viver um período de suas festas. Sem rio limpo e sem mangue, observou a menina, não tem tainha, e nem festa...
Acompanhe as entrevistas que Mirella fez com um dos organizadores do evento e com uma das voluntárias do Instituto Supereco, que organiza atividades de educação ambiental na região do rio Juqueriquerê:
Entrevista com Denis Santana Garcia
Presidente da Associação dos Pescadores do Porto Novo e um dos organizadores da Festa da Tainha
Quem teve a idéia de fundar a festa?
A festa foi fundada pelos próprios pescadores da zona Sul de Caraguá, para que eles pudessem vender a tainha que eles pescavam e ganhar um pouco mais de dinheiro. A tainha quando é vendida fresca tem um valor reduzido; e quando você prepara um prato bonito, agrega valor, e aí nessa época, quando temos pouco turistas, os pescadores podem ganhar mais. A festa era pequenininha, foi crescendo e hoje ajuda bastante na renda das famílias dos pescadores.
O senhor nasceu aqui?
Eu nasci em São Paulo. Tenho casa aqui desde que tenho três anos, mas moro aqui há 10 anos.
Existe alguma lenda da Festa da Tainha?
Sim, e para explicar essa lenda vou contar uma historinha. Aqui onde era a Fazenda Serramar, era a Fazenda dos Ingleses. E essa fazenda cultivava frutas como laranjas e bananas. Essas frutas eram trazidas de lá da fazenda Serramar de trem, até a beira do rio Juqueriquerê, e aí barcaças de ferro levavam as frutas até navios que por sua vez levavam as frutas até o mar. Ainda existem ruínas dessa estação de trem e um dia pretendemos revitalizá-la, para andar no trenzinho dentro da Fazenda Serramar. E a lenda diz que embaixo do cais do trilho do trem, foi pescado um peixe, o mero, de 180 quilos!
Entrevista com Silvana Chaves
Professora e voluntária do Instituto Supereco
O que você faz na Supereco?
Participo do programa Ciclos Contínuos.
O que é isso?
É um trabalho que a Supereco está desenvolvendo sobre o Rio Juqueriquerê.
E o que o rio Juqueriquerê significa para você?
Eu acho que é o futuro para as novas gerações. Hoje em dia o rio já está bastante poluído e desmatado, jánmquase não temmais peixes. Então se a gente não cuidar hoje, o que vai ser para a futura geração?
Como a comunidade pode ajudar o rio?
Se cada um fizer a sua parte, só não jogar o lixo no rio já é alguma coisa. Não desmatando também: hoje em dia as pessoas quase que construíram suas casas dentro do rio, tomando a margem. Então, se cada um fizer um pouquinho, vamos conseguir manter o rio vivo por muito tempo.
O que você está achando da Festa da Tainha?
Estou achando muito legal, tem muita gente.
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